quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quem chega sem avisar, veio pra ficar?

Quando dei por mim, estava esperando grandes (grandes mesmo) comentários às linhas que saiam dos meus equivocados relacionamentos. Ora indo, ora vindo. Quase nunca no lugar certo. Eram convulsões em forma de textos. Tudo ardia e nada se explicava. Urgente e necessário porque longe daqui flerto com um pseudo distanciamento de tudo que possa me provocar umcerto descontrole. Eu  finjo. Há quem acredite.

E deu-se um tempo em que me visitar já era lê-lo, rir e me surpreender com os pequenos signos e sua capacidade de alentar a alma, ainda que tudo em mim carecesse do concreto, do ao alcance do tato, que são todos vizinhos da visão. Mas, como diria o velho Buk, o amor é um cão do diabos. Sorrateiro, disfarçado, e por vezes, enigmático. Não vem com manual de instruções. Nem garatias. Nem rede de proteção. "Quem é podre que se quebre?"
Ainda hoje não sei bem quando você transcendeu de "caro amigo" para "melhor namorado". Quando se tornou inevitável lhe escutar por horas. Quando foi impossivel dormir sem você.  

Então, depois de muitas luas, chuva e trabalho. Madurgadas, amanhecer e cafés. Cinco horas de voo e frio de rachar os ossos de qualquer paraense, coloquei todos os meus sentidos a serviço do que eu já sentia, sabia: É muito bom chegar em casa!

Agora, olho pela janela e vejo um predio envidraçado, verde. Esperança. Você está nele, em algum lugar, mas,  não menos do que está em mim. E que permaneça o tempo que lhe for permitido e desejado, pois só me resta esperar que o fim, e o caminho que leva até ele, seja feliz.

"Vou para ti...vou para teu encontro...como fui no dia que chamou-me ao telefone"  (J.C)


MLJ

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Última paixão

Minha última paixão avassaladora: a forma como tocas o nariz com o polegar.
Porque das tantas coisas que gosto em você, são seus pequenos gestos, aqueles quase imperceptíveis a outros olhos, os que me arrebatam e extinguem qualquer possível distância entre nós.

(Há o4 dias da primavera)
MLJ

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Onde a dor não tem razão"

Canto
Pra dizer que no meu coração
Já não mais se agitam as ondas de uma paixão
Ele não é mais abrigo de amores perdidos
É um lago mais tranqüilo
Onde a dor não tem razão


Nele a semente de um novo amor nasceu
Livre de todo rancor, em flor se abriu
Venho reabrir as janelas da vida
E cantar como jamais cantei
Esta felicidade ainda


Quem esperou, como eu, por um novo carinho
E viveu tão sozinho
Tem que agradecer
Quando consegue do peito tirar um espinho
É que a velha esperança
Já não pode morrer
 (Samba enrredo da Portela)


No meu Gremio Recreativo da Felicidade transborda-se bem-querer por todas as alas.
Falar de nós, sentir o que já somos a tanto, há tempos, é o melhor samba enrredo.
E em mim as trasnformações tem se dado antes que qualquer censura me visite a boca, as idéias ou mesmo o coração.
Quero dançar com você!


MLJ

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Primavera 2010

"...Abre essa janela, primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota.
Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz. Tristeza nunca mais"

(Casa pré-fabricada - Los Hermanos)


Quando a nossa primavera chegar
Ainda que o ar esteja demasiadamente seco
No meu peito nunca mais deserto ou solidão.

MLJ

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Quando vi você, me apaixonei"

Eu me fiz menina. De mãos nervosas, agitadas e tão frias quanto a sensação que me reinava o estômago.
E sentei e esperei, sem saber como seria atingida pelo que me entraria pelos olhos. Mentia. No fundo já sabia, sempre soube, porque já desejava tudo isso muito antes do primeiro sinal de sua concretude.
- Já te disse que quando nervosa tenho um riso compulsivo? 
Eram risos vindo de muito longe, da alma, creio. E irrompiam de anos de aridez, desconfiança e muita economia de mim mesma. Porque antes de nós, fui demasiadamente mansa, distante. Enigma certo para as pessoas erradas.
Enfim cheguei num lugar bom. Estou diante de você.
Seus gestos, sorrisos, e tudo que julga lhe ser imperfeito, eu já amo. Mão, boca. Uma barba para receber nuca, costas e todo meu ser. Eu me rendo a cada sinal vindo do seu corpo. E já nem me lembro dos dias em que fiz uso de tanta invisibilidade.  
- Você existe, você existe!!
Preciso renovar essa emoção de lhe ver. Quero ser para sempre essa menina livre das cicatrizes de mulher. Sei do meu vício por palpitações e pelo novo. E fico imensamente feliz em reconhecer que de você, tenho sempre uma surpresa que me indica que o melhor é permanecer ao seu lado. Nunca distante. Mesmo que assim queira a distribuição - temporária - das pessoas sobre a terra.
Não quero uma janela, mas um horizonte inteiro onde possas ser a paisagem.
Que bom ter me contrariado e me visto com nitidez assustadora. Que bom ter sido surpreendida pelo seu ímpeto e grande certeza de que ainda vale a pena tentar.

MLJ


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Calendário

Eu tenho um calendário dentro de mim.
Onde o tempo transcorre só para nós. Descompromissado com as leis alheias, com qalquer dimensão que não seja visitada por nosso querer.
No meu calendário marco as horas que faltam para te encontrar e repousar de tantas batalhas desnecessárias. Para descobrir pra quem me fiz até aqui. E o que se pode fazer com tudo que nos arde. Madrugadas a dentro, dias a fora.

Escrever tem sido pouco para quem quer - tanto, muito e sempre - o tato.
Rompo com linhas e atravesso o país!

domingo, 5 de setembro de 2010

Carla

Ela também era uma mulher dourada. Melhor, platinada.
Dessas que dita moda. A primeira a pintar as unhas de rosa chiclete e azul cobalto. A usar pulseiras de couro com cristais (que nos iludiamos serem swarovski). A única demente o suficiente para fazer das sombrancelhas uma tatuagem.
Falava porra e caralho, mas arrematava o dizer nos chamando de "chuchu" ou "flor". Era mesmo de aparentes contraditórios. Estranho pra você? Demonstração de carinho para nós. Talvez, reatividade seja o forte do nosso grupo. Ou estejamos num outro nível do "estar com".
Era de gêmeos. E como bom espécime desse grupo, seu sobrenome era inconstância e sedução.  Ora dieta, ora chocolate. Ora religiosa, ora mundana. Todo tempo envolvente.
Avolumava uma sala, uma mesa. Todo o ambiente ao seu redor. Bolsas, sacolas, garrafa e vitaminas. Bobis de cabelo, corretivo e creme anti-rugas.
Não ia ao trabalho. Ia a uma festa. Fazia dos nossos encontros celebração. Se divertia. Nos divertia.
Se amava? Só amava. E trepava, como ela mesma gostava de dizer. E todas as variações de demonstração de afeto que podemos imaginar.

Ficou uma saudade. Um riso ecoando no abrigo e em nossas conversas e em nossos corações.
Mas ainda somos as mesmas pessoas que copartilhavam com ela as piadas mais safadas, as puladas de cerca mais escabrosas. O prazer de sentir prazer e não se envergonhar por isso.
Assim, é proibrido deixar de rir por essas bandas. E falar sonoros caralhos. E deixar de colocar o nosso Moco Oco na berlinda. E mostrar que mulher é péssima quando é boa, gostosa e muito bem humorada.

Poucos do meu mundo real sabem sobre meu blog. Deste espaço que é catártico para tantos sentimentos, que de intensos, evito contactá-los no cotidiano.
Ela sabia. Me lia. Me incentivava. Lesa, nunca aprendeu a comentar. E vibrava com as minhas juras de amor. Ansiava por meu retorno de SP. E antes que qualquer duvida me viesse a boca, ela dizia que o mais certo era ir e só depois neurotizar. Ah, nós os psicólogos e nossas formas bonitas de dizer: ligue o foda-se, meu bem!

Não sei se os bons morrem jovens. De certo, todos que amamos, bons ou não tão bons assim, morrem antes do que desejamos (se é que desejamos). Antes de nos despedirmos a contento. Antes de podermos perdir desculpas pela briga horrivel e palavras mal interpretadas.
Eu te odiei. E te matei dentro de mim mil vezes. Eu quis que você desaparecesse da face da minha terra.
Por bem, quase nada é do jeito que querermos. O tempo e você se encarregaram de me trazer pra perto novamente. E mais do que nunca, agradeço por não ter resistido a sua eterna sedução. Porque fomos felizes e cumplices como nunca antes. Porque acho que nos pedoamos em silêncio, com o novo.

Saber do seu sofrimento me consumiu por dias. Eu precisei do choro compulsivo. De te ver não tão bonita. De ver as flores te caindo sobre.
Ainda penso e rezo por você. Rezo pelo sucesso do Marcelo na tarefa de cuidar da "Mais Gostosa". Rezo também pelo André. E que sua obra na vida dele se fortifique.

Ainda consigo te escutar cantando, "minha irmã". E como cantavas mal.
Consigo te ouvir perguntando se eu sabia a estória daquela música derradeira. Eu não sabia, e de algma forma era a sua despedida também. Me faz muito sentido agora. 

Porra, filha, valeu pela carona. Boa viagem. Qualquer coisa, me liga.
Vai com Deus!




Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...


E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...


Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...


E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...