segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Muito mais

Não que eu tenha feito minha natural ansiedade desaparecer. Ou que tenha me despedido da mania de apressar tudo (da rotação da terra a escovação do Victor). Mas, inusitadamente, senti que menos pode ser muito, muito mais.
Agora que ele se foi. Agora, quando aos poucos vou reconquistando meu quarto, deixei de lamentar a falta de privacidade. Os filmes que não vimos. O doritos que não devorei com ele. No fundo, porque sei que estamos em processo de expansão, fincando nossos mourões. Um aqui, outro lá. Ao ponto de sobrevivermos longe do nosso quarto de hotel e entender que, ainda que queiramos o contrário, nossas roupas não são dispensáveis.
E fui descobrindo que em um olhor cabe muitos gozos e num gozo, duas almas.
Sem dúvida, estes são novos tempos. Novas sentimentalidades.
Dos exageros do passado, o único que ainda faz algum sentido é o de sonhar com uma vida melhor. Listas coladas num relicário mental sempre me invadem o dia.
Em todas, quero meu companheiro manso e bonzinho comigo. No doce, e principalmente no salgado. Por que ele me equilibra e faz surgir o meu melhor.
ETA
MLJ


sábado, 5 de novembro de 2011

Isolamento

Há dias em que só gostaria de ter quem eu podesse amolar, falando de uma certa saudade. Das dúvidas sobre o novo velho emprego. Sobre como foi o primeiro dia de natação. De como pretendo ser loira no mês que vem.
Há dias em que preciso falar e me virar do avesso. Me ver e admitir: hoje, penso ser isso!
Preciso de espelhos.. Preciso aprender a ter espelhos.
Tenho que largar de mão a preguiça e ver os amigos. Ou contratar um (terapeuta).

domingo, 16 de outubro de 2011

Maria dos botões

Liguei o botão do foda-se há muito tempo para os meus medos infundados (?) acerca do dar-se para o outro. Recompensa: muitos suspiros e a sensação de que só eu e ele desfrutamos de tanto felicidade nesse mundo.
Ele fala que fomos possíveis porque queria me convencer e eu queria ser convencida - ainda que entre uma coisa e outra muitos nós eu tive que desatar em mim. Agora, cá estamos, convencidissimos de que não faz sentido esse país ser  tão grande, as passagens aéreas tão caras e nossas contas bancárias tão minguadas.
E ai vem o ponto preto na folha branca.
Sempre tive pressa. Sempre me sacudi demais por não reger a ordem das coisas. Eu não tinha como ser diferente conosco.
Não é o dinheiro que não se multiplica ou os tantos quilómetros que nos separam os alimentos para minha ansiedade. É o fato de não poder pular neste instante as casas do jogo e chegar naquela em que meu cansaço diário é só um bom motivo para correr pra você e o meu moleque. Meu problema é a urgência. Chega de entrada, eu quero o prato principal. E com você! 
Conto com sua serenidade, que desconfio que nunca vou ter, para me fazer rir de mim mesma e dessa minha luta contra o relógio invisível que diz: o tempo tá acabando, tá acabando, tá acabando!!!!
Reconheço que temos que seguir adiante e agradecer por nosso encontro, mas comungo do seu lamento pelo tempo em que ainda não existíamos um para o outro, embora esteja certa de que nossos melhores só começaram quando recebi suas violetas.
Enquanto isso, as minhocas-residentes da minha cabeça só planejam o próximo encontro, sobretudo, aquele definitivo.
Depois da ultima primavera confesso que apertei mais um botão. O de casar com você.

MLJ


"Voltei pra casa e disse adeus pra tudo que eu conquistei
Mil coisas eu deixei
Só pra te falar
Largo tudo
Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave Maria, sei que há
Uma história pra sonhar
Pra sonhar"

Marcelo Jeneci- Pra Sonhar

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Do silêncio

Do silêncio, faz-se o que?
Muita fumaça e algum aperto no peito.
Do meu silêncio, o que você fez?

sábado, 10 de setembro de 2011

Ferias em nós. Ou outra vez primavera

Sinceramente, não preciso dos pontos turísticos. Das compras e modernidades da tua cidade.
Não que por essas bandas nada me interessem. É que você faz tudo virar fundo para sua presença com "S´s" e "R´s" que me encantam. E isso já me faz lembrar que aquela dúvida dos primeiros segundos em solo ("será mesmo que gosto dele?)  não faz sentido algum.
Quero fugir da agua quente, das frutas no café da manhã.
Quero pé cansado de ladeiras. Ónibus a táxi. Almoço às 16h e sono atrasado.
Quero tanto, mas só faz sentido se for com você. No frio ou calor. Sudeste ou norte. Só com você.
Bendita a trama do destino que me levou até sua janela, onde recebi flores e desapercebidamente deixei meu coração.
Ando melhor e menos perdida. Você tem sua responsabilidade nisso.
MLJ

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Aos queridos que em nada são virtuais em meus sentimentos

Karla, Franck e Anne,
Queridos cumplices de tantas profusões de mim.
Quero informar que por motivos do além, eu não consigo postar comentários em seus respectivos blog´s.
É, talvés o blogger tenha achado que meu silêncio era irrevogável. Tolo. Como todos os que subestimam meu prazer de escrever, e aqui incluo minha própria preguiça.
Assim, só me resta dizer a vocês por aqui o seguinte:
- Karlinha:
Querida borboleta, li o (re)verso e ele me mobilizou tanto, que acabei escrevendo um livro de bolso como comentário. Mas, infelizmente, a senilidade não vai me permitir lembrar de tudo agora. Fica a essência: Que sejamos sábios para nos permitir a sermos felizes juntos. Nós e nossos contracensos.
Ah, na oportunidade, aproveitei para dizer o quanto vc e o blog estão radiantes. Parabéns pelo primeiro ano do Confissões

- Franck:
Oh vida mais ou menos!!!!
Que foto arrasa-medo é aquela?!
Fui contagiada pelo instante de felicidade eternizado na foto
Saudades!

- Anne:
Conterrânea querida. Sumiste. Sumimos. Mas adoro ver sua presença nos meus comentários.
Você nem sabe. Vi uma moça dentro do onibus. Achei q era vc, mas fique com vergonha de perguntar...rsrs. É, tenho dessas leseiras. Da próxima, eu venço a timidez!


(...ufa, tomara que eles leiam...) 

domingo, 10 de julho de 2011

Victor

(ao som de Oração - A banda mais bonita da cidade)

Saudade do meu menino. Das traquinagens e solicitações. Do pouco tempo que me dá e dos seus primeiros rocks em espanhol.
Sinto falta de um tempo em nossas vidas que não nos pertence mais. Ainda que tenham sido dias difíceis, de choro fácil - meu e dele - e de tantas demandas.
Se pudesse, teria me feito melhor antes. Se pudesse, teria arrumado a casa para a sua chegada.
Ele já não cheira a alfazema, e talves por isso eu ainda insista tanto por esse cheiro.
Não quer colo ou dormir pegando no "ossidio". Me diz que precisa aprender a ser grande. Espero que ele consiga me ensinar.
Passo  dia escrevendo lembretes mentais sobre o que ainda tenho que lhe oferecer. Quero-o melhor do que sou. Lugares, músicas, linhas e tudo o que ainda hoje nem vislumbro.o
Faço lembretes para uma vida menos corrida e impaciente. Para ter disposição de saborear cada um dos seus dias ao meu lado. Para ser justa e consciente do poder de todos os meu pequenos e corriqueiros atos para a sua saúde mental.
Tenho pensado muito num lugar que nos comporte, onde possamos iniciar nossa vida em definitivo.
Tenho tido menos medo de tudo o que isso significa...
"O coração não é tão simples quanto pensa".

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Longe, longe, longe. Aqui do lado. Paradoxo.
Nada nos separa"

A distância só existe em mim quando teimo em me desesperar.
Quando teimo em me concentrar mais na espera do que na falta.
Hora dessas, idéias viram máteria e distância um verbo no passado.

MLJ

sábado, 2 de abril de 2011

Quando ele se faz príncipe
Eu me deixo encantar.

Minha felicidade até parece castigo por tanto maldizer, no passado, às coisas bobas e clichês da vida.
Pode castigar, todos os dias, de preferência. Eu aguento!
MLJ

quarta-feira, 23 de março de 2011

Choro, falta de ar e um banheiro

Ainda tremendo, acabo de fazer mais uma descoberta sobre mim: Sou claustrofóbica.
A ironia  é descobrir o quanto o confinamento é insuportável para minha natureza do lado da grade onde julgamos estar libertos.
Eu que tento convercer as minhas clientes do contrário, descobrir que parede pode engolir gente, sim!
Por isso, de hoje em diante, na cadeia, "xixi" só com a porta do banheiro aberta.

terça-feira, 22 de março de 2011

Uma nova primeira vez

Novamente carnaval.
Novamente, carnaval em Sampa. Tudo igual? Quase tudo diferente. Nem mesmo eu sou aquela introspectiva admiradora de prédios que temia ser engolida pela megalópole.
Hoje não espero alguem no aeroporto. Não espero ansiosamente quem queira me salvar de mim mesma.
Hoje sou uma que volta para onde tanto fui feliz. Volto para quem merece toda minha aflição em voar com tempo instável...
Fico tentando imaginar aqueles grandes olhos castanhos derramando felicidades sobre mim. Fico me prometendo ser mais atenta a todos os detalhes daquele lugar. De nós naquele lugar.Café, saguão, frio e coração rasgando o peito de ansiedade.
Se da primeira vez eu tinha poucas promessas, desta, quero mais é me perder na cidade com você. E falar assim já me lembra Roberto DaMatta comentando Jorge Amado (que desisti de ler por que se atreveu falar de quedas de avião. Não tenho saúde pra isso em meio a um vôo!!!). Eu que gosto tanto de "primeira vez", concordo com ele que esta reside em nosso poder de reivenção do estar no mundo diante das "mesmas coisas".
Foi assim que na primeira vez eu me dei pouco. Me poupei e poupei a cidade de me conhecer. Me poupei também para quem supunha ser importante. E voltei vazia, ainda que orgulhosa de uma tal autonomia afetiva.
A primeira vez seguinte liguei meu "vou pagar pra ver". E o investimento valeu cada centavo e o pulo sem rede de proteção. Cada noite mal dormida . Cada oração durnte um infindável voo. Tudo o que não nomeio mas que ainda rende em nos e capitaliza a especialidade do nosso encontro.
Dessa primeira vez nem sei o que (não) esperar. Ansiar para deitar na tua cama, senti o cheiro das miudezas que te constituem, deixar pistas no que tens de mais particular. Criado mudo, canção e mais café. E quem sabe também praça Por-do-sol, um pouquinho de Ibirapuera, chopp.. . beijos. roubados, consentidos, infinitos.

Vamos pousar. Afivelarei o sinto. Estou tão perto e nem sabes. Um pouco de surpresa para aquecer o coração. E nosso carnaval já pode começar..

MLJ
ETA

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Desculpa, você....

É hora de olhar pra dentro. No entanto, não posso esquecer do lado, lado de fora, que fica ai nesse lugar
Mas são tantas as demandas, tantas angustias e uma genorme dose de ansiedade que acabo por esquecer do lado. Desse que fica fora, longe perto.
No movimento inverso do crescer, me afasto. É do sono, o cansaço, fuga ou por ser catavento... e vou deixando pra mais tarde. E fica tarde demais pra ligar
Mas quando chega mensagem, sou despertada para o que de especial tenho - e teimo em negligênciar. Prometo me redimir. Eu vou. Eu chego lá. "Em verdade", não demora estarei ai.
Até lá vou precisando do meu tempo e da sua compreensão...
Desculpa?

MLJ

sábado, 29 de janeiro de 2011

Uma paz me tomou repentinamentoe quando sentei ao lado da moça de terço na mão. Estranha paz, hipnotizante cena roubada pelo canto do olho e quase interrompida pelo celular que me chama.
Ela me parece tão concentrada e perdida em sussurros. Seus dedos dançam com as pequenas contas de madeira.Começo a achar que este dia tem um fio condutor, um tema. Há tempos não tenho um desses por aqui. Não raro eles têm sido turvos, desbotados (ou essa fui eu?). Estive na superficie deles. Mas minhas pelejas de sempre, meu sofrer antigo, me trazem o beneficio da profundidade.
Afundei-me em horas de tristeza. Escrevi sobre meu coração. Chorei e paralize, mas suponho que a mensagem aguardada pode estar chegando. E hoje volto pra casa com sorriso nos lábios que irão beijá-los.
Resolvi fazer o concurso que por semanas professei aos quantros cantos do meu mundo ser pouco demais para mim... Entusiasmo chegando.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Invenção

Inventei um lugar novo para a felicidade gostar de morar.
Um novo mundo que comporta dois onde antes me parecia só caber um.
Eu invento - sempre inventarei - motivos para não me afastar do abraço, da barba e do beijo
Só não sei se sou capaz de inventar o riso quando você tiver que partir.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Coisa de menino

Meu amor é um menino
Que brinca com carrinhos em quase velocidade
Faz sonhos de rodas, ligas e carroceria
E diverte outros meninos
Quando lhes concede seus brinquedos - de tão pequenos, mágicos.
Meu amor sabe correr e até voar
Por que é feliz, como as (eternas) crianças ainda teimam ser.

MLJ


                                                      mais sobre carrinhos e o menino

domingo, 2 de janeiro de 2011

Saudade

Antes que o novo dia chegue, seu especial dia, quero dissipar qualquer pesar pela nossa distância. Porque se a saudade é dor que aturde, traz também em sí algum alento.
E quando ela faz arder por dentro, sou lembrada de quem insubstituivelmente quero. Do que me falta agora. De uma completude vivida com o outro.
Saudade foi me ver indo com você. Meu cheiro, meu afago. Meu gosto, minha solidão. E te rever, me rever, é tão necessário e urgente quanto realizar todas as formas de amar que inventamos.
A saudade que sinto de ti é um prazer na dor.  Porque das tantas dores que já me permiti sentir só a saudade de você me edifica e faz melhor.


Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar


Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais


Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu


Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Pedaço de Mim - Chico Buarque