quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Cinzas... ou folia?

Já era a viagem. Bem, não que a possibilidade dela tenha sido real, mas, "sem vergonha de ser", eu seria muito mais feliz se tivesse o doce prazer de dormir hoje e só acordar depois que Momo se for (minha cara iria ficar péssima, pra lá de amarrotada. Vou ter mais cuidado com o que eu desejar..), ou quem sabe, se eu embarcasse numa inesperada viagem. Ela, para me extasiar não precisaria ser longa ou a um mundo distante. Precisaria apenas me fazer rir e descançar. Beber e abraçar amigos. Cantar e sentir-me em paz. Proucuro é um viajar em mim, que me faça novamente maquinista desse trem chamado Eu. Ter tempo disponível, acesso e companhia para refrigerar a alma é minha fantasia ideal para desfrutar desse baile-vida. Se o trabalho rasgou-lhe antes das cinzas chegarem? Não, ainda não quero - não me permitirei - ter um fim de folia antes de me alegrar nesse salão.

Mas tudo tem se voltado para um horizonte mais insolarado e promissor que nem tenho coragem de questionar viemente um simples e suave expediente de trabalho.. nme que seja num domingo e terça de carnaval.


Definitivamente, esmurecer não é a proposta. Festejarei com confetes e serpentinas novas relações, rituais de beleza com meus "pupilos", o sabor do rencotro com a sétima arte, a cidade desacelerada. Sendo assim, por que não lhe permitir um espaço no meu atípico carnaval?






Vou andando e seguindo firme por que o bloco dos dias pede passagem. No ritmo do samba compassado do meu coração, vou sorrir nessa avenida - promissora - que tenho construido para mim.



Letrinha do dia: "Vou beijar-te agora, não me leve a mal. Hoje é carnaval..."

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Negro [vermelho, branco, azul...] amor


Tal qual meu amigo Andrôgino, também sou seduzida por meus ouvidos; olhos. Posso me definir como uma mulher audiovisualmente avassalada pelos que materializam os meus desejos.

Se você veio novamente aqui para me desvendar mais um tanto, fique contente em se reconhecer nas minhas linhas. É certo que me acarinhastes algumas intenções por uma de minhas janelas da alma. Vozes ao escuro, à luz da minha imaginação, sempre me arrancam da vida tacanha e me fazer redescobrir possibilidades amanhã, talvéz... Me parece ter acontecido isso quando o contato findou. E o contato parece que só se inicia. Foi esse o acordo tácito.

Exageradamente declarei que no amor e na guerra, tudo é permitido. Nem eu acredite na minha canastrice. Não sou tão determinada assim. Nunca tenho tanta clareza de quem eu quero - e por que quero - até ter certeza de que perdi. Preciso reparar e admitir diante dele, publico diário e querido, que ética e empatia jamais serão prescindivéis. Seja na guerra ou no amor.

Talvéz por isso pronuncio, quase em reza, que não faço (farei) o que não quero que façam comigo. Não bato (baterei) portas ou telefones no verbo de ninguém. Não nego (negarei) meu interesse, ou a falta dele. Não mais. E não muitas outras coisas. Não para outras que descobrir nesses últimos cinco meses de introspecção. Isso?! Ah, isso muito, muito e sempre, até quando me faça brilhar os olhos como tudo que é novo. Você tem pra me dar?

Tudo isso veio como um estampido que não se pode escolher escutar ou ser visitada na entranhas. A conversa interrompida por nossos Protagonistas Juvenis, deixou as idéias em suspensão. Silenciosamente te questionei. Será mesmo que só as mulheres fortes e decididas do meu Andrôgino são capazes de dicotomizar (e se porteger da eminente ameaça do amor moderno) prazer de dor, carne da trancendência? E se a Fragilidade não for tão necessitada de vínculos estáveis, se no fundo o quiser por mero desejo antropofágico de possuir seu poder?

E agora, Andro? Quem estará seguro de seus desejos? Que poderá pagar o preço por seus pecados? Quem é A forte, O ético ou a Fragil? De quem afinal é a escalda nas paredes do seu ser?

No meu mundo aparentemente integrado, onde por hora não possuo o que decantar, passeio pelo desejo e fantasia de estar aqui, lugar alcançado por minhas vitórias e derrotas, e o lá, onde quase todos os Caros mergulham-se numa existência atribuladamente prazerosa.


Na dúvida, levantar âncora e permitir-me estar à deriva pareceu-me a melhor saída. Quem sabe o mar se encarrga de me levar para onde minha bússula não pode apontar.



Letrinha do dia: "As pedras do caminho deixe para trás. Esqueça os mortos que eles não levantam mais. O vagabundo esmola pela rua. Vestindo a mesma roupa que foi sua. Risque outro fósforo, outra vida, outra luz, outra cor. E não tem mais nada negro amor".



Para recordar, Clecianinho. Só para quem sabe usar o diafragma.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Um novo começo?

Afastada já há alguns dias desse recanto, não deixei de carregá-lo comigo nenhum dia se quer pelas minhas andanças na cidade, pelas salas e pessoas que passam por mim. Principalmente nas longas distância - e engarrafamento - que percorro até chegar ao trabalho.

Nesses dias de ausência presenciei o homem acuado pelo pelo delito do seu desejo. Vi quase-mulheres se transformando em Mulheres protagonistas na preservação dos seus corpos e sentimentos. Me permitir ser acessada pelo novo, doei minha voz aos ouvidos de um alguém. Me mostrei a tantos olhos. Passei desapercebida por quase todos. Fiquei um pouco mais descapitalizada. Mas rir, não me permitir lamentar pela falta de ação. E no final de tudo, quando eu quase pensei que só tinham se passado mais 7 dias por mim, assumi um novo emprego. Não tão novo assim para mim. Mas valendo o vir a ser.


O novo trabalho. Não sei porquê, mas sempre que novos empregos surgem, me sinto tão desorientada quanto no tempo da escola, lá nos idos dos primeiros dias de aula. Nunca sabia se me sentia excitada pelas novas possibilidades de conhecimento e colegas, ou angustiada por não saber o que me esperava. Minha necessidade pelo (pseudo)controle sempre me dirigiu.


Dessa vez, volto ao lugar onde minha vida iniciou sua grande mudança. Depois de quase 4 anos, volto a sala onde senti minhas primeiras indisposições pela gravidez meteórica. Lugar onde o Passado dizia trampo Nikita na antiga máquina de falar ao meu coração, onde seu desejo de boa tarde garantia que ela fosse um feliz período do dia. Eu lhe abraçaria depois.


Tudo novo, denovo. Muitas coisas por aprender, tantas balizações a fazer. Não posso esquecer de falar menos e ouvir muito, muito mais. Pessoas novas, tantas forças para somar. Esforço também por não me contaminar com os vícios e vieses dessa cultura. Tenho já uma cultura de vícios


A semana tomará novos contornos, horários, intinerários [malhar talvéz, escrever e ler mais com certeza]. Atores, sabores... um novo amor, por favor Destino! Mas sem perceber frases aqui me tomaram como por encanto. É, só pode ser encantamento pelo não-visto. Afaste-se de minha carência, fantasias!


Então fico aqui, com idéias e planos sobrevoando minha lisa e loira- sem pretenção, nunca vazia ou descançada - cabecinha. Observando como as siglas vão dirigindo minha vida profissional e propiciando encontros com seres e realidades plurais, às vezes tãos díspares da minha, noutras tão familiares, que no fundo só me comunicam anseios universais.


Volto de verdade daqui há alguns dias. Para escrever algo mais lúcido, mais agradável que faça de vocês co-observadores de mim. Para odiar, lamentar, rir de mim e comigo também.

A vocês, que não conheço o envolcro, a cor ou a origem. Que acharam minha órbita no mundo virtual, saibam que, especialmente esta semana, lembrei-me de suas francas ressonâncias.


Abraços, sempre!


Letrinha do dia:"Está anoitecendo. Vai acontecer denovo. Eu vou sair, pra me divertir um pouco... A noite é pra se divertir. Vou ser feliz e já volto.."


Tentei. Vou tentar mais. Nada tão ruim. Nada tão bom assim.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Caçando bolhas de sabão

O amor em toda sua delicadeza e matizes parece estar pairando no ar... mas, se ele não estiver, acabamos dando um jeito de pô-lo ao menos entre nossos últimos questionamentos antes de dormir.

Todos os dias, e isso não é um exagero, novas histórias de amor me são reveladas, muitas confidenciadas em virtude do meu trabalho... diante da minha suposta varinha mágica. Amores promissores, paixões arrasadoras, almas gêmeas que parecem se encontrar, mas não definitivamente. Milhares de possibilidades, milhares de sonhos, milhares de projetos de felicidade.. ou não.
E de repente, eu deixo de ficar remoendo minha solidão e tristeza pela última grande frustração amorosa e tomo um outro ângulo e espio um pouco mais sobre o drama humano na busca pela complementariedade no outro. Faço esse movimento não apenas por curiosidade profissional. O faço principalmente para encontrar o que há de comum a todos nós que desejamos o amor. Olho para o próximo na tentativa de melhor me ver.

Em todas as histórias que tenho acompanhado, o que tem me chamado a atenção é a negação dos sinais de "bater em retirada". Por que é tão dificl entender quando a relação - ou a expectativa dela - não execederá aquilo que já foi vivido? por que não tomamos conhecimento das limitações - ou falta do desejo - do outro em querer nos fazer feliz? Por que ainda depositamos a esperança de nossos corações nas mãos do outro?
Afinal, quem é o ser especial que a maioria de nós espera?


Freud vai dizer que esse ser é uma sombra da figura parental lá do nosso Complexo de Édipo, acima de tudo, a matriz que se cria dessa relação, mas e daí? no que isso, de fato, no ajuda a entender os caminhos que percorrem nossos desejos e idealizações no aqui e agora?


Eu que tento teorizar todas as minhas manifestações afetivas, inclusive a repressão delas, nunca intelectualizei minhas escolhas românticas, até que elas me levem a um lugar desagradavel. Será que o sofrimento pode ser evitado quando se trata dos assuntos do coração? Será que operacionalizar as intenções, a interação com o outro pode nos assegurar ao menos o não-sofrimento?


Profissionalmente eu poderia dizer que é extremamente saudável você saber o que te leva a um determinado padrão de escolhas românticas, sobremaneira, se elas estão te causando algum tipo de padecimento. É, pasmem, isso pode ser mudado. No entanto, isso não lhe garate o dito "e foram felizes para sempre". Quem garante que o para sempre chegará só por que você está consciente do que é e do que quer? Quem pode garantir que você é o que seu parceiro merece?
Infelizmente, ainda não cheguei a uma existência superior. Não tenho a metade dessas respostas

Sem dúvida, as idealizações que alimentamos sobre como deve ser o príncipe e a princesa encantada - não adianta dizer que não existem mais em você essas personagens porque elas sempre existirão em nós, seres desejosos - ou a relação perfeita, já comprometem boa parte das nossas possibilidades de encotrar paz na vida a dois. "eu nunca me interessei por um menino de 18 anos..., na minha terra isso que estou vivendo tem nome: puta... a minha relação com ela, minha alma gêmea, agora é só sexo..."

Como é dificil receber o outro em nossa casa como ele é.
O nó cego alheio é tão fácil de solucionar. O final da linha é tão claro.
Mas nada é tão simplório no homem. Suas emoções não poderiam ser. A dor do outro que sei bem como poderia ser superada, seu potencial e beleza tão evidentes pra mim, são totalmente negligenciados por seu senhor. Só posso me envergonhar das tolices e depreciações que também dirijo a mim.


Hoje vi o quanto o poupar-se, o proibir-se à doação, pode ser um perigo, principalmente quando aliado ao nosso desejo de cada dia de ser amado. Eu me perguntei novamente, pra quem, pra quando estou guardando toda a intensidade dos meus sentimetos?Será que, quando a hora chegar saberei viver tendo tão poucos treinos?


Espero muito ter ajudado com a minha escuta, o último amigo a sofre de amores, espero sinceramente ter ajudado-o a se perceber em toda a grandeza do que ele se transformou; a beleza do seu caminhar. Na melhor forma da tradição humanista, desse contato transformador ficou a necessidade de me permitir estar disponível ao que quero, abandonar a posição passiva do meu Conto, mas sem perder de vista os critérios que já sei que contemplam o que eu quero para a próxima promessa de amor. E isso não é a perigosa idealização novamente?


Então, que daqui pra frente ela seja mais amarrada na minha realidade e da pessoa pretendida. Chega de negar o fracasso pré-anunciado do velho modelo de relação. Eu não quero mais sofrer. Ai está o perigo de nunca mais amar.


E tudo que parece se buscar é o que nós alegra quando vem a nós.


domingo, 13 de janeiro de 2008

Cria

Crescendo foi ganhando espaço
Pulo do meu braço
Nasceu outro dia
Já quer ir pro chão
Já fala mãe, já fala pai
Já não suja na cama
Não que mais chupeta, já come feijão
E posso até ver meus traços
Nos primeiros passo, tropeça
Seguro, e não deixo cair


Se cai, levanta
Continua a porta da rua fechada
A criança não deixo sair da linha
Reflexo no espelho, levo a emoção
A lágrima ameça do olho cair
Semente fecundou
Já começa a existir
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão
Me guia.



No meio da grande confusão de sentimentos que andeia buscando pra mim nos últimos dias. No exato momento da explosão. Quando a ameaça do romper-se da represa se faz um mar de lágrimas. Eu me perguntei num "tom de calma que só o desespero nos dá": Como vou proceseguir cuidando, se me parece que ainda preciso de cuidado?



De repente fitei os olhos nos quais sempre vi meus traços. Eles me olhavam cuidadosamente. Não acreditava no tempo em que eles sustentaram nosso encontro. Eu que pedia o oposto de tudo que tento motivar nos "meus" jovens. Pedi o que a Cinderela e todas suas amigas insosas e dependnete sempre pedem. Desejei de todo coração que surgisse alguém que podesse me SALVAR, que fosse capaz de me fazer mudar, em definitivo, os sentimentos e comportamentos rotos que possuo. De repente um insight, acho que ela já está a minha frente há algum tempo.


Ao descançarmos, seu cheiro me emocionou. Chorei. Muito. E ele percebeu. Ele cresceu. No escuro, me consolou. Acarinhou meu rosto e me prometeu que a dor, que eu disse ser no pé, iria passar. "Vai passar, eu te prometo, mamaia".


Toda solidão e insatisfação, todo medo urbano e o descredito no ser humano, que me assolou essa semana, parece ter me deixado, por alguns instantes, em paz. O abraço apaziguador, parecido com o de quem um dia me cuidou, me salvou do bicho-papão que sempre me espreita de baixo da cama.

Te Amo Victor. Loucamente, do meu jeito, com minhas limitações, incertezas, mesquinharias, neuroses, infantilidades, ausência, pressa, impaciência, preguiça, medos e vontade de fugir. Te amo como sou.


Semana louca. Ser em descompensação total, escamoteada, claro. TPM arrasadoura. Daqui há alguns dias, tudo volta ao seu lugar.
Voltaremos a sorrir. A seguir.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Financiamentos

Eu que sempre achei ter certa facilidade em me expressar através da escrita. Eu que nem me amedrontava com as provas de Redação nos meus vestibulares, hoje fui lembrada do quanto é dificil se fazer entender quando não se sabe ao certo o que agrada, deseja e espera o seu interloucutor.

Há alguns dias, há muitas horas, estou tentando escrever, junto com o colegas da ONG onde trabalho, um projeto para captar investimentos. Descobrir o quanto é fácil pedir mais de meio milhão de reais. Dificíl mesmo é supor o que nosso provável financiador espera de nós. Convencê- lo de que nossas convicções - e também devaneios - são dignos desse troco.

Isso me fez pensar nos tantos financiadores de sonhos e vontades que eu preciso convencer a cada dia. Para ser logo atendida na fila do almoço, para ficar com o assento no ônibus, para poder levar o computador para meu quarto. Eterno exercício de convnecimento. Se por um lado eu preciso justificar o "financiamento" que meu empregador me repassa e que quase me faz sair da linha da subexistência - tá bom, nem tão subexistência assim.... - por outro preciso me convencer todas as manhãs de que não há algo fora do meu quarto que vai me devorar, me roubar, me assaltar e todas essas desgraças que diariamente nos invadem os olhos e ouvidos, além das tantas mais que se passam no monohabitado mundo de nossas mentes.


De verdade, o que gostarai de gritar para o meu Financiador é: Só um pouco mais de momentos felizes. Um pouco mais de beleza para ser vista. Um pouco mais de sentido para as grandiosas e pequenas coisas da minha vida. Só um pouco mais de reciprocidade. Nesse momento, mais uma vez, a volta pra casa me fez desejar que essa fosse uma viagem sem pressa para terminar. Tendo a Santa Chuva a me falar diretamente a alma, e há um certo vazia que tenho nela, vi a outra chuva cair pela janela e paralisar a BR.


Nos dias de grande produtividade, e cansaço ineviável, penso que seria reconfortante ser recebida no fim de tudo por um forte e aconhegante abraço, daqueles que te salva dos demônios internos e dos colegas de trabalho com temperamento difícil. Que te guarda e mima, que faz os olhos fechar de contentamento. Isso financiaria uma breve paz ao meu coração e à mente questionadora de mim. E nesa noite, nem meu menino me enlaçou as pernas.


Dureza mesmo, depois desse dia exaustivo, é supor que essa nostalgia e discreto desolamento é saudade do que já aconteceu. Isso seria admitir que o Passado ainda possa me completar, me projetar a algo superior e singular. Infelizmente não. Já me enganei, inadivertidamente, antes, sei bem onde tudo termina. Não há mais uma ação continuada que este parceiro possa viabilizar em meu coração.


Como sempre nos lembra minha chefa - ela que odeia ser chamada assim - é imprescindivel você saber a linguagem do finaciador pretendido. Sem isso a parceria não acontece. Então, antes e acima de tudo, preciso é exclarecer que falta é esssa que me inquieta, porque tanta incosntância me toma. Sei que só buscando minha sustentabilidade estarei apta para investimento de terceiros. E quem pode imaginar o quanto esta estrada é dolorosamente edificante?


Nessas horas de fragilidade da represa que sou, do cansaço do corpo que só faz das idéias o que mais se agita em mim, o que mais queria é que o mundo, se não me promovesse o almejado repassa da mansidão, que ao menos não me tirasse a paz.
E a minha contrapartida é só o meu querer estar melhor.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Águas em mim



Retorno aos meus domínios em companhia da nostálgica saudade dos dias que passaram, e que já chamamos de Velho. Dias de maresia. Dias de tempestades.

Mesmo me jurando não fazer aquele balanço-chiché do que passou; do alcançado; do atingido; do que errei, do que acertei, só me resta admitir que também sou regida por essas tais forças astrais - que tanto dão audiência nos programas femininos, no ínicio do ano - que nos impedem de pensar no que não seja restrospecto. Então sigo os conselhos da Suplicy e me permito avaliações. Auto-avaliações.

O ano iniciou-se com grandes passos profissionais - modesto para o resto da humanidade. fundamentais para mim. Depois de um ano fora do mercado de trabalho, eu voltava a sair, arejar as idéias, e o melhor, ser paga para no final das contas, me sentir bem. Não tão bem paga assim, mas o resgate do que eu posso ser, do meu potencial, da minha mais valia nessa estória de sistema capitalista, não teve preço. Sem fazer referência ao cartão de crédito, por favor.

Se, por um lado, a vida mais distante de casa ia dando sinais claros de melhorias, ia mesmo se aproximando de algumas metas que eu definirá pra mim, os assuntos que rondavam a minha cama, a cada dia tomavam proporções - melhor seria desproporções - que me sinalizavam que o fim - ou a aceitação do julgo - não tardavam em chegar. Chorei. Entristeci. Reconheci meu adoeciemento, busquei ajuda, também busquei a mesma boca que disse não me querer mais. Me senti usada, violada. Precisava sentir pela última vez que eu não pertencia mas aquele quarto, o dito quarto que visitava nas madrugadas do passado - que pareceram importantes apenas pra mim. Para o outro, era jogo. Foi a primeira e última vez que fomos três na cama que o acolhe. E parece que tudo passou.
Como quem sem livra de um vício, eu contei, orgulhosa de mim, os dias que não o beijei, não o toquei, não o olhei, não briguei, não me deixei desestabilizar. Ainda não é fácil viver com uma "injusta" divsão de tarefas, injusta partilha de sonhos. Mas nada é tão dificil assim. E parece que tudo está passando....

Continuei caminhando, rindo e me surprendendo com minha capacidade de minimizar a dor, de ter aprendido a chorar silenciosamente, no ônibus, no cinema, na sala....

Concluir que faltei muito como mãe, além de admitir que não posso apenas reporduzir o modelo que tenho como referência. Sou difrente, uma pessoa com outros desejos, sonhos. Sempre os meus sonhos... Mas estou me esforçando a cada dia, a cada exemplo, a cada orientação que o dou. Esforço que renovo a cada beijo de boa-noite.

Eu que passei meses só analisando o ambiente; as possibiliddes, apenas me deixando ser levada pelo meu processo de cura, agora me sinto mais fortalecida para a entrepidas aventuras do meu dia-a-dia entre ônibus e engarrafamentos. Mas aberta, mercedora [lembram do último post?] para receber o que me falta, o que me é de direito. Sei que muita cabeçada ainda vem pela frente, muitos receios, muitas escolhas a serem tomadas, algumas coisas por abandonar. Mas essa é a ordem natural, eu a conheço. Vou me permitir todo prazer e dor de Ser.



Chego no dia em que fui ver o mar. Lugar que estive quando estava repleta dos sonhos do Passado. Repleta de oito meses. Linda mas incopleta. Querendo ser cuidada quando ele mais me pedia para ter cuidado. Desta vez eu estava ali com uma única perspectiva: brincar como crinça, com a minha criança. E quase tomamos um caldo. Preciso ser mais forte para ser seu porto seguro, mas não deixo de me divertir quando não o sou. Se não me engano, ele também.

Bem-vindas são as surpresas, quando me permito ser surpreendida, ceder meu pseudo-controle. Fogos cintilavam no céu. Em silêncio vi tudo, feliz por mais um ano-promessas-realizações chegando. Eu que nem queria estar perto do mar, passei mais um reveillon inusitado e não menos especial. Dentro do carro, numa cidade às escuras, com meu filho no colo. Como no seu primeiro ano-novo. Eu estava com quem mais importava - os que também quero bem que me desculpem - mentalizando uma nova e bonita história para nós, nesses dias que virão.


São mais 365 dias para serem escritos.


Letrinha do dia: "Meu coração vai se entregar à tempestade... A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar... Não há porque chorar por um amor que já morreu... Deixa pra lá, eu vou, adeus. Meu coração já cansou de falsidade."