domingo, 1 de junho de 2008

Espiando


Quando meu contador muda os dígitos, quando ele me diz que muitos já estiveram aqui, ou que há outra pessoa comigo, por meio dos insanos e confusos rastros que deixo, fico tentando imaginar porque também eu seria alvo do bisbilhotar alheio. Justo essa vida que digo há tempos ser monocromática?

Como sou vista? Como sou interpretada? Sou simplificada ou incompreendida?
E por mais que as linhas sejam melimetricamente construidas, que eu tenha o cuidado de amplificar/clarificar tudo que sinto, nunca, nem um de nós aqui, inclusive eu, teremos a certeza do que sou ou como estou. O que fica com o exercício da escrita é apenas uma representação, uma inferência de como tudo tem me atravessado, e o que suponho estar aprendendo com a materialização das idéias.

Pensando assim, os giros constantes do contador nada contam, posto que isso é a história de um, com vistas para todos, por mais que se deseje o confronto com o outro.

Nesse instante lembrei que é justo o esquivar-se das interferências no tangível que me trouxe aqui.