Estender demais. Nunca estender. Inflexibilidade. Despersonificação. Qual posição você quer tomar?
Sempre me considerei uma mola encolhida, parafraseando o Lulu. Sou o vir a ser, a quase contentação, a quase busca.
Finalmente, existiu um dia em que a ordem era fazer diferente. Decidi que dali em diante eu seria uma mola sim, mas agora, em expansão. Mudar era preciso, de verdade, sempre o é. Mas, me estendi de forma errada e em demasia. Errei na mão, confesso.
Era o tempo de uma promessa que, daquela vez, eu me permitiria sair do centro de tudo, que agora lançaria meu olhar em direção ao outro, ao mundo do outro. Como se eu nunca tivesse feito isso. Nunca fui tão má assim.
Imaginem Caros, como esta mola aqui se esforçou para deixar a suopsta posição de servido para a, de fato, servidor. A exemplo, troquei meu mundo pseudo-intelectual pelo calor das multidões. Passiei pelo forró e brega com a satisfação e habilidade de quem nunca saiu de uma festa de aparelhagem [festas popuplares onde o som, de gosto duvidoso, é distribuido por gingantescas caixas de som]. E eu nunca fui a uma.
No começo foi até nobre. Cheguei mesmo a ter orgulho de mim por finlamente conseguir exercitar a tolerância, o respeito ao diferente, o vislumbrar da alegria e leveza no que não é espelho. E o estiramento foi tão intenso que a outrora mola mas parecia uma opaca e entristecida massa de modelar. Eis que deu-se a infelicidade. Demorei alguns anos até ter clareza de que o meu adoeciemnto não estava em função do alargamento do meu gosto musical, dentre tantos outros gostos, mas sim por ter sempre a sensação de inadequação por ser quem sou. Como a aporovação desse Outro era importante para aquilo que chamava de vida.
Fui salva por um lampejo de sanidade. E mola que é mola não pode e nem quer se desfazer de seu espiralar contínuo, de suas semi-subidas e descidas, pelo simples fato de que elas são suas. Lhes constitui, lhes particulariza.
É justamente neste momento que a palavra contrapartida tomo meu coração num arroubo. Afinal, ele - e eu também - tinha cansada de viver na falta, na ausência, sobretudo, na inexistência do olhar para o outro. E o outro agora era eu.
Eu devia ter aprendido na escola aqueles cálculos físicos de compreensão da distensão das molas. Eu poderia ter evitado que um físico me mostra-se como, dolorosamente, uma mola pode se exaurir, partir.
Felizmente, a natureza das molas lhes garantem um grande poder de retomada de seu estado original, do "equilibrio", de contentamento por ser apenas uma mola. E que mola hoje eu sou!
Depois que o caminho de volta se iniciou, depois que reconheço que não quero ser massa, vejo com clareza muitos dos meus limites. Outros tantos, ainda estou buscando.
Ultrapasar limites já foi infrigir minhas próprias regras. Hoje, quero é ultrapasá-los para me superar. Rumo ao que me faz melhor.
Letrinha do dia: "Hoje eu tô sozinha, e não aceito conselho... Não sei se me levo ou se me acompanho. Mas é que se eu perder, eu perco sozinha. Mas é que se eu ganhar, ai é só eu que ganho. Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior. Mas é melhor ficar sozinha, que é pra não ficar pior...."
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