quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O beijo que não dei


O dia iniciou com as rotinas de sempre. Acordar, preparar filho para escola, despedir-me dele. Tomar café. Olhei-me no espelho, algo denunciava que hoje não seria mais um dia normal.

Nesta madruga, um vizinho, colega de longa data, uma promessa debeijo, se foi.

E este 26/02/08 começou assim. Estúpido, grosseiro, estarrecedor. Doloroso, chocante, choroso.


Não me lembro de ter conversado mais de 30 minutos a sós com ele, não me lembro de tê-lo feito alguma confidência. Mas, mesmo sem ele saber, foi meu grande incentivador para que eu prestasse o concurso público que agora- felizmente - espero a convocação. Mesmo sem ter-lhe claramente permitido, cedi aos seus encanots de garoto maduro, descolada e calejado, que fumava desde cedo e já tinha o respeito dos senhores do Conjunto onde moramos [você morou].


Não sei se os bons morrem antes, não sei se ele era bom em algo, só sei que ele morreu jovem demais, prematuro demias, brutal demais para a compreensão de todos que ficaram. Me explica Senhor, como alguem pode morrar em tão poucas horas? como pode morrer por uma dividida na pelada de fim de semana?


Ainda pouco me contaram os bastidores do velório. A mãe sedada, a irmã descontrolada. O pai distante. Com certeza incrédulo de tudo que acontecia ao seu redor. uma inimiga de infância confidênciou para minha mãe que percebeu o quanto eu tinha ficado abalada com a notícia. Outro conhecido confirmou também com minha mãe se eu havia passado no concurso q ele, o falecido, também tinha feito. Mas o que ninguem falou, o que ninguem percebeu foi o susto que levei com a notícia. O grito de "te esperta" que levei do destino. Ele nunca foi uma paixão, só um tesão. Nunca foi tão presente, só em alguns esbarrões pelas ruas. Mas, e o beijo que eu não dei? O abraço que o pai não recebeu? O olhar de "vai com Deus" que a mãe não dará mais? E agora?


A vida é rápida demais, imprevisivel também. Quando não se espera ela acaba, é interrompida. Se evapora. Uma bala pode travessá-la, uma bactéria pode extinguí-la. E tudo muda, nada fica como era. As pessoas se embrutecem, secam por dentro, amargam.


Hoje lembrei de todos que julgo amar, aqueles outros que admiro, dos que só gosto. Lembrei do meu medo de morrer, da sensação de falta de ar que sempre me dá quando penso nisso. Lembrei dos encontros atropelados com o Diego pelas rua do condominio, da superficialidae das minhas relações. Da minha finitude.



E o dia terminou. Novo dia vem de pressa. Amanhã, uma nova chance de ser feliz... mas só para alguns.





domingo, 24 de fevereiro de 2008

Extras


O fim-de-semana foi de tranquiliadade aparente. Mais exercícios de elevação espiritual, para não brigar com filho, família e mundo. Mais e mais reflexões existenciais. De onde vim? Para onde vou??? Com que roupa devo estar qaundo chegar lá? Lá onde, mesmo?Confusões mentais a parte, sem dúvida, os dias de folga foram para acarinhar minha retina, tão negligenciada ultimamente. É, cinema é um quase-gozo.


Para mim, os extras de um filme, um bom filme, é como os segundos que antecedem a descoberta do presente, por de trás de um belíssimo e instigante embrulho. Ruim mesmo é quando a crítica de cinema meia-boca que me habita considera o filme indicado ao oscar, e ele não tem extras.... Pelo amor de Deus. Filme necessita de uma nota de rodapé, de um blablabla do elenco, uma intervenção do diretor, mesmo que ele seja o louco do M. Night Shyamalan - ele sempre me inquieta, seja de raiva ou me deixando com cara de débil mental, mas que ele parece louco, isso parece. E justo neste final de semana descobrir que só gostei dos filmes que vi, só lhes rendir reverência e credibilidade depois de ter devassado seus extras. Os filmes foram "Memórias de uma gueixa", de Rob Marshall e "Os sonhadores", de Bernardo Bertolucci. Vamos a eles.


Se você proucura um filme cult japonês, não veja "Memórias...". Nem de longe, de muito longe mesmo, ele lembra o último que citei aqui, "O livro de cabeceira". Mas para uma produção americana - não consigo conter por muito tempo meu ranço pelo cinema ameircano - ela sem dúvida é espetacular. Os caras podem mesmo gastar dinheiro, até por que Spilberg-midas é o produtor, e vocês sabem: dinheiro faz [muito mais] dinheiro. Além da maquiagem, cabelos e o clima das décadas de 30 e 40, o que mais me impressionou foi saber um pouco mais dos quimonos que as gueixas usavam. As gueixas, que na verdade eram artistas versadas em dança e música, além de estudadrem para serem bons entretenimento aos homens, quanto mais prestigio tinham, mas camadas de vestes elas usavam. Me lembrei de uma amiga que está no Japão e o registro que fez em seu blog sobre sua experiência em usar quimono. Como a pobre deve ter sofrido para ficar linda. Você sabia que as gueixas demoram até 1 hora para botar todas as peças de um quimono? E que elas, com o passar do tempo, mudam a cor do colarinho, de branco para vermelho, como sinal de experiência?
O mais o mágico mesmo foi vê-las sendo despidas com prática, e solenidade é claro, porque Japão e ritual são quase sinônimos, pelos seus donna - uma espécie de cavalheiro n°1 (não necessariamente amante) da guiexa. E tem ocidental que não consegue abrir um sutian...
Meninas, a contra-capa do DVD faz jus ao filme quando lhe cita como uma história de Cinderella diferente. Acredito que não há mulher que não se reconheça na força e foco de Sayuri. Ah, e os olhos do Presidente valem todas as agruras que a pobrezinha passa para se tornar A gueixa. Confira e sonhe.



Por outro lado, o filme do Bertolucci é mais denso, excitante e muito feliz ao situar a trama, um romance entre três jovens, em meio a um conflito político, cultura e ideológico na Paris de 1968. Ouvir um Je t'aime e outros tantos biquinhos, ao meu ver[ e ouvidos], já vale um cineminha, ainda mais quando a direção é impecável, os atores - que eu não me lembro de tê-los vistos mais gostosos - excepcionais e verossímel e a fotografia é fenomenal.


Como já havia dito, foi justamente a partir dos extras, que também este filme, tomou contornos perfeitos na minha preferência de "cinéfila". Vale a pena observar o minidocumentário, comentado em grande parte pelo próprio Bertolucci, sobre o fechamento da cinemateca francesa e os protesto estudantis em devesa do diretor da mesma, ocorridos em Maio de 1968, fato histório que é tomado como ponto de partida para a película. Destaco, como auge do filme as sequências em que Matthew (Michael Pitt) se nega a ser apenas um fantoche no mundo infantil dos irmãos gêmeos Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green) e a última onde ele, também, faz cara de "a ficha caiu, numca fiz parte desse triângulo". Um adendo. Não sabia que o Bernardo Bertolucci era tão severo , leia-se escroto, com seu casting. Eu teria que fazer 386.000 exercícios de paciência por dia com ele.

Enfim, foi isso que descobrir nesse fim-de-semana que já está acabando. Mil emoções estimuladas de forma artificial, mas estimuladas, e isso é melhor do que não sentir nada. Esta semana espero estar mais animada com o trabalho, já que rezo a todos os meus santos para receber meus salários atrasados, e quem sabe, ter a certeza de que serei uma funcionária pública daqui há algum tempo.


No mais, mesmo que não pareça, meu coração ainda bate regularmente descompassado, ora de esperança e felicidade, ora de mágoas e tristeza.



Bons dias que virão para mim e para você.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Silêncio

As minhas palavras são silêncio. Eu grito, juro, mas não posso ser ouvida.
Nada me percebe. Ninguém é meu ouvinte. Confidente já se foi. Será mesmo que um dia esteve aqui?

E tudo que queria era um ouvido para gritar. Trocaria meu reino por lugares a ressoar minha gargalhada desmedida, minha voz desafinada, minhas lamúrias e planos de ser feliz amanhã.

O que mais me causa desespero, mais naqueles dias em que as horas não me foram amigas, é a falta de ouvidos a desejar, a falta de ouvidos a cobiçar para dar-lhes a fonte do meu verbo. Devo estar enloquecida mesmo para só desejar ouvidos. Minto. Não desejo só a eles, quero também o som que lhes deve ser o negativo. Isso, muito mais do que os ouvidos, quero uma voz.

É, não é a minha garganta que treme de solidão. São eles, sem dúvida eles, os meus ouvidos, que andam desesperados por vibrações específicas em suas membranas. Rapidamente, pontualmente, incomensuravelmente eles a desejam. E eu? eu a que? a quem????

Amanhã tudo pode voltar - aparentemente - ao normal. Sorrisos e falas, no vácuo, mas possíveis de serem tomadas como normais, e até felizes, pelo alheio alheio a mim.



Aqui vou gritando, exagerando, me envaidecendo.
Só aqui grito.
Só por aqui, dava para ve ouvir??????




Lentrinha do dia: Ouvidos fechados para tudo que não seja meu gritar interior

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Livro de Cabeceira



Finalmente me permiti rever este belíssimo filme. Lembro que ao descobrí-lo há quase 12 anos ele me hipnotizou e enebriou como poucos, por sua fotografia, luzes e principalmente, pela dança do punho de Nakigo ao escrever com negra tinta os corpos de seus amantes. Com certa vergonha, devo reconhecer que se não fosse a insistencia do dono desse disco em discutirmos nossas percepções da obra, eu teria demorado mais algumas semanas até dar a minhas retinas tanta beleza.





Para quem nunca viu, ou ouviu falar, do filme O Livro de Cabeceira, vou a uma ligeira sinopse.




O filme, entrecortado de flashbacks, se passa no japão da década de 70. Nagiko, a poderosa Wivian Wu é filha de um escritor, e que desde cedo descobre o prazer de ter mensagens de felicitações escritas em seu corpo, estás, executadas por seu pai, todos aos anos, em seu aniversário. Está moça, que cedo se casa, não recebe aquele mesmo trato e afeição por parte de seu marido. As caras mensagens registradas em seu corpo, agora eram momentos felizes do passado. Contudo, Nagiko cresce e aparece. Busca realizar o sonho de se tornar uma escritora, ao passo que vive uma jornada erótica e obsessiva onde busca encontrar o amante que lhe dê prazer atravez da escrita em seu corpo. Eis que ela encotra Jerome (pasmém, Ewan McGregor), um tradutor inglês bissexual que lhe mostra um novo prazer. Deixar de ser papel para se tornar a pena.




O resto. Bom, o resto deve ser conferido, por que tenho certeza que jamais poderia traduzir ou fazer jus a beleza do filme com minhas linhas pra lá de tortas e mal traçadas.





Vamos ao que interessa aqui que é registar como meus olhos, agora aos 31 anos, captaram novamente tanta delicadeza.





Lembrei-me que eu já fiz muitas listas de coisas que admiro, que desejo e que gostaria de me tornar. Pedidos aos céus, a Deus, a Alá e companhia. Agradecimentos tantos, a todas eles, por tudo que eu já tinha conseguido naquela fase da minha vida. Vejo que hoje tenho tanto e coisas tão distintas do que eu poderia desejar ou supor que seriam minhas. E agora posso perceber mais intensamente o que Sei Shonagun dizia sobre a beleza de tudo que é azul-escuro. Sobre a beleza do que não é usual mas também não é raro






Compreendi mais da minha ansia por encaixes perfeitos. Boca, pernas e peitos que me façam gozar. É emergente que o gozo, quando ele chegue, que seja com os olhos, com o olfato e paladar. Não pode ser apenas um gozo fisiológico. Quero e necessito de um gozo-encotro, que nasce da admiração, da posibilidade, da entrega e do ver o outro. A cada centimentro de pele, a cada nova curva explorada, deve estar lá todo meu deslumbramento e atenção.






Não tenho falsas esperanças de que tudo isso seja meu novamente de imediato. Nem sei se já estou refeita para habitar tal domínio. Mas de certo, só falo do que me completaria, do que faria sentido sentir agora.



Entre tantos desejos, de ver outros países longiquos como o Japão, de ter um loft tão bem iluminado quanto o de Nagiko, foi sem dúvida do desejo do encaixe-perfeito, mesmo sendo tortuoso tê-lo e vivê-lo, de que mais me falou o filme, hoje e há 16 anos também. Livros de cabeceira sempre tive. Listas prosáicas e só importantes para mim, também. o encaixe, ainda perssigo


E mesmo que se passe muitos anos, algumas coisas realmente não mudam por aqui, o desejo é uma delas. Toma novas formas, novas vias, mas não muda. Mesmo que eu não quisesse admitiar, por ele minhas mudanças de rota, meus dias felizes e minhas madrugadas tristes. Eu venho apurando minha tinta, buscando novos papeis. Treze, vinte ou trinta e cinco livros mereço escrever.




Un homme change

Etrange

Parfait mélange

Doux

Parfait mélange

Sexe d'un ange



Um homem se modifica

Perfeita mistura

Doce

Perfeita mistura

Sexo de um anjo





sábado, 16 de fevereiro de 2008

Bendita

Bendita as coisas que eu ainda não sei.....
Os lugares que ainda não fui.........
Os amores que ainda não amei.....


Bendita é a vida que, às vezes juro que é madrasta, mas quando dobro a esquina, percebo que a topada que dei foi só para me deixar mais atenta à sorte que veio do chão... de onde não espero... de onde minha intuição gritava.

Bendito número 8.02 - que para mim se tornou quase cabalístico - e tudo que vem com ele. A possibilidade do primeiro imóvel, da estabilidade, dos terninhos que quero usar, do carro que pretendo apreder dirigir e comprar. Dos sábados com o Victor longe daqui, longe das limitações, dessas mesmas limitações que por vezes nos aprisiona mas nem por isso nos deixa de ser cara.


Enquanto o limão não vira limonada, enquanto a solidão não passa a doce amado, vou seguindo na espera de que tudo torne-se a mais pura realidade. Pura, cansativa e recompensadora realidade.


Mas do que nunca, mas do que eu possa ter desejado ou me esforçado, meu bloco está na rua. A felicidade tem vindo me visitar constantemente. Vejo o mundo com outra cor, e não se trata do "atentado da purpurina" que meus pobres olhos sofreram. É a vida me chamando para encenar meu novo roteiro. Parcerias são imprescíndiveis neste momento. Amigos - novos e antigos, família, amante(s), serão sempre bem vindos aqui.


Bom dia, para quem sabe transformar madrugadas em mil dias... de alegria

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Chegada

Ele voltou depois de dias de ausência. Nada existiu fora da espera e da ansiedade de sua chegada naquela semana. E isso já a corroia as entranhas.

Chega, ela pensou. Pôs seu vestido florido e até lembrou de um termo que uma amiga usava. Sem dúvida, hoje ela estava com seu vestido fuck me please.

Inadivertidamente, ele chega a sua porta laranja-queimado, desconsiderando todas as horas que a fez esperar por sua voz e fala-lhe: Demorei?

Deixa pra lá. Para quer prendê-lo mesmo. Controlado nunca foi sua condição preferida, ele já tinha lhe escrito antes.

- Entra. Estive te esperando.


sábado, 9 de fevereiro de 2008

Milágrimas

Hoje, inesperadamente, recebi lindo e sutil mimo de uma pessoa que já me é tão cara, diria mesmo que foi uma das mais agradáveis descobertas de 2007.



Pois então, não sabe ele que, além de me acarinhar a alma, também me faz repensar quanto o homem ainda possa exercitar o olhar o outro, e acima de tudo, que não é sempre que sou invisível. Será isso ineficiência do que me olha ou um enorme esforço de não me dar as vistas do expectador?





O fato é que dessa vez fui escancarada numa prosa despretenciosa. E pasmém, o primeiro close fechado foi dado por um ainda imaturo homem. Não tão imaturo como eu achava, não tão pouco observador como eu não pude supor nos meus dias mais otimistas. "Vocês mulheres acham que a gente não sabe de vocês..." E não é que hoje, para alguns deles, somos objeto de estudo e compreensão desde muito cedo?



Fui lindamente traduzida por dois seres que, por alguns momentos, foram capazes - ainda são - de absolver todos os machos que deveriam me ler e jamais conseguiram reconhecer as linhas e verbos do meu ser. Aqueles que me tiveram tanto e por tão pouco mas foram incapazes de reconhecer minha entrega.



Repasso meu presente para você, que como meu, verteu mil lágrimas e construiu/constroi seu milagre a cada novo ciclo, a cada nova esperança de viver o amor em suas manifestações. Filho, mãe, irmão, amante. Crianças, velhos e diamantes.





Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza, vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura?
Ninguém sabe o que proucura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Vida real








Cai a noite sobre minha indecisão

Sobrevoa ao inferno, minha timidez

Um telefonema bastaria, passaria a limpo uma vida inteira

Cai a noite sem explicação, sem fazer a ligação

Na hora da canção em que eles dizem baby, eu não soube o que fazer


A vida real...



Esperei a hora certa para creditar que el(e) viria

Deixei no ar a porta aberta

No final de cada dia

Cai a noite, doce escuridão. De madura vai ao chão...


A vida real, como é que eu troco de canal?

A vida real, vida real...

Tchau





Qual é a vida real. A que se leva ou a que se deseja?

Meus desejos, meus anseios são bastante reais para mim. São eles e por eles que minha carta de navegação é escrita. São esses os senhores que me arrastam por terras desconhecidas, por vezes, inóspitas. Mas também reconheço que meus picos de cresciemnto se devem a eles.


Amanhã a vida parece voltar ao normal, os sonhos e fantasias já foram guardadas nos barracões da memória. Outos Fevereiros são acalentados desde já. Ano que vem tem sempre mais. E me pergunto, mais do que?



Quem pode não sentir falta do transito, das regras, da cara lavada e gravata?


É a vida real de muitos. É a prisão dos sonhos de tantos. Eu querio um carnaval sem data pra chegar. Não dá para ter uns poucos dias para me entorpecer de alegria.


Vou tentando mudar de freqüência. Aos poucos vou conseguindo. Quem sabe, dia desses eu entenda qual o canal me satisfaz.


Um telefonema bastaria... pasaria o dia a limpo. Mas de madura a madrugada foi ao chão.


Deixe a boca feliz, é o que incrivelmente desejo.
Mas os olhos, hoje, se vão desapontados.





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Ressaca

Você é mesmo capaz de sacar quando meteu os dois pés numa gigantesca jaca?????
Bom, eu sou. Mas nem por isso deixo de buscar jacas e mais jacas para minha vida.

Me culpa! Andei falando demais, me dizendo demais. Anunciando essas coisas que nunca deveriam ter sido paridas pela boca, ao menos não tão cedo.

Assusto, eu sei. Gosto e até sinto prazer em afugentar os homens. Ver em seus olhos um ar de estrenheza, de certeza que o lugar diante de mim não é o seu. É claro que isso não passa de um teste muito capenga para que eu me certifique que ninguém vale muito a pena para desbravar meus pensamentos, meu coração. Ser misteriosa ou confusa, de certa forma, me garantiu alguma integridade até aqui. Atire a primeria pedra que nunca usou esse subterfúgio. Aliás, atire nada não. Não fale nada. Pense só.

Se de um lado - e tenho clareza quanto a isso - eu peco por fazer as perguntas erradas, por construir enormes fossos entre eu e um terceiro, quarto..., noutro estou para ser crucificada - por mim mesma, o que é o pior - por me expor em demasia. Me expôr a os olhos que geralmente não me veêm. E que perigo é poder ver de perto tudo que sou, belezas, defeitos, meu poder de transformação, minha plasticidade. Eu mesma ainda me acustumo com tudo o que me transformo a cada novo dia.

E agora??????

Perdir o espaço que o outro nem sabia q tinha me dado [Ou foi eu que tomei esse terreno? Ou pior, só eu achei que o tinha?] Achei toda a vergonha que a auto-censura pode nos dar. Se sonhar é só o que se quer, por que essa maldita mania de deixar o impulso atropelar a razão? Me conhecendo, sei que está longe o dia que eu possa ser menos passional.

Passada algumas horas desde meu delírio, tenho a sensação que só um amargor na boca me acompanha . De certo não foi a embriaguez que o deixou em mim. Ele é o fruto daquela flexa certeira que chamamos de ressaca moral, que anda querendo desestabilizar minhas idéias, meu amor próprio. E eu disse a ela: Me deixa trabalhar ou te exporei em praça pública, te anunciarei em toda tua inconsistência para te zombarem. Como prometido, eis aqui minha vingança. Dane-se agora ressaca [a]moral!

Vou inaugurar um novo momento por aqui, o chamarei de "suportando ser feliz". Vou me assumir desejosa e incompleta e exploda-se quem não suportar receber isso. Explado-se eu também quando não podor mais lutar contra as coisas que me escapam a razão. Ah chega de "razão" nesse mundo Meu. Chega de grandes teorias de auto-conhecimento. A saída vai ser uma sáida rápida para ser feliz.




Mesmo tendo quase certeza de uma resposta negativa, vou fazer a pergunta: Fui clara para você?
Se não, que pena isso ser um meio de comunicação tão limitado. Mas é o que se tem.

Como te disse ressurjo das cinzas, cinzas de um carnaval que nem vivi. Vou fazer a minha folia agora. Siga-me o bom.


Letrinha do dia: "Não me digam que sou louco, é só um jeito de corpo não precisa ninguém me acompanhar.."

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Sem Vergonha¹ de querer mais e melhor

Depois de uma noite em alerta pela cria, em meio a termômetro e antigripal, curto uma baita dor de cabeça. Piada infâme: Isso me faz lembrar que ainda tenho cabeça. Mas para o que? Para quem?


Estou a serviço do outro e para o outro. Filho, amigos, quem amo. Sentidos, os ouvidos, o olhar, o raciocinio.Testo limites, meus 'pré-conceitos', minhas ilusões, acima de tudo, minha esperança num dia melhor para todos nós, onde menos fome, menos ódio, menos violência será sim possível. Utopias à parte, partidarismos longe de mim. E o servir tem me libertado.


Entendo cada vez mais por que estive numa mobilização por um dia melhor, indefinido ou quantitativo. E transformei e fui transformada, quando só, mergulhada num mar de gente, de patrimônio histórico cultural que me orgulha, de liberdade de não ter vergonha de se ser o que é - e se quer. Arco-íris em cetim, atabaques, foices e espelho de Vênus se uniram para celebrar nossas diferenças e necessidades. Elas nos unem e só tolos podem achar que isso nos opõe.


Fico feliz e orgulhosa de poder levar um pouco mas de liberdade aos olhares que me cercam e nunca foram à Zona. Lá também tem beleza, tem arte, tem sonhos e amores, mesmo que ainda haja fome, doenças, roubo e morte. Como no resto do pais aqui também notícias, pessoas e boas idéias não vendem jornal e nem saem na primeira página. Te proponho que conheças o que nós, os ditos cidadãos de bem, abastados ou de classe média, situados muito longe da linha da pobreza, não precisamos vivenciar todos os dias. Permita-se sentir ou pensar como é viver sob algum estigma. Puta, pobre, viado. Preto, mulher, operário. Veja de perto as zonas que existem no país, em nosso interior. Sinta e repense o que podemos fazer pelo outro, e por tabela, por nós.


E ai, eu não receber há 3 meses, ainda não poder comprar minha casa, carro ou viajar para ver a neve, fica pequeno diante das conquistas pessoais, da elevação espiritual. Ainda não posso considerar o dinheiro como elemento dispensável na minha vida. Ele me capacitará e criará novas possibilidades de transformações e mim e onde me insiro. Mas por tudo isso que é lutar no Terceiro Setor, a espera pelo meu quinhão deixa de ser revoltosa ou insuportável.


Agora lembro da fala de uma mulher: "o meu [filho] já tá criado, se eu não ajudar o [filho] dos outros, é esse que vai me roubar..."



Letrinha do dia:"Trust in the Lord with all the heart lean not on your own understanding. In all of your ways acknowledge Him. And he will make you paths straight. Dont worry about tomorrow, Hi´s got in under control. Just trust in the Lord with all heart. And he wil carry you through.."

"Confie no Senhor com todo seu coração, não em sua própria compreesão. Em todas as suas maneiras de reconhece-lo. E Ele lhe fará caminhos retos. Não se preocupe com o amanhã. Ele o tem sobre controle. Apenas confie no Senhor com todo seus coração. E Ele te guiará completamente.."

Meu momento gospel. Sem apologias religiosas. Sá falando da calma que me tomou. Vale a pena alimentar a alma e os ouvidos com essa faixa do Sixpence None The Richer. Dica para o Misterioso-Xereta. Espero que gostes.
¹ "Sem Vergonha" é um projeto desenvolvido pela Rede Nacional de Prostitutas, executado no Pará pela ONG GEMPAC - Grupo de Mulheres Prostitutas do Pará, com o intuito de desenvolver ações educativas na área da segurança, saúde e promoção e defesa dos direitos da mulher, especificamente das prostitutas.