sábado, 9 de fevereiro de 2008

Milágrimas

Hoje, inesperadamente, recebi lindo e sutil mimo de uma pessoa que já me é tão cara, diria mesmo que foi uma das mais agradáveis descobertas de 2007.



Pois então, não sabe ele que, além de me acarinhar a alma, também me faz repensar quanto o homem ainda possa exercitar o olhar o outro, e acima de tudo, que não é sempre que sou invisível. Será isso ineficiência do que me olha ou um enorme esforço de não me dar as vistas do expectador?





O fato é que dessa vez fui escancarada numa prosa despretenciosa. E pasmém, o primeiro close fechado foi dado por um ainda imaturo homem. Não tão imaturo como eu achava, não tão pouco observador como eu não pude supor nos meus dias mais otimistas. "Vocês mulheres acham que a gente não sabe de vocês..." E não é que hoje, para alguns deles, somos objeto de estudo e compreensão desde muito cedo?



Fui lindamente traduzida por dois seres que, por alguns momentos, foram capazes - ainda são - de absolver todos os machos que deveriam me ler e jamais conseguiram reconhecer as linhas e verbos do meu ser. Aqueles que me tiveram tanto e por tão pouco mas foram incapazes de reconhecer minha entrega.



Repasso meu presente para você, que como meu, verteu mil lágrimas e construiu/constroi seu milagre a cada novo ciclo, a cada nova esperança de viver o amor em suas manifestações. Filho, mãe, irmão, amante. Crianças, velhos e diamantes.





Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza, vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura?
Ninguém sabe o que proucura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre

2 comentários:

Fernando Locke disse...

Minhas congratulações! belíssimo! de uma beleza ímpar! olha, deixando o falatório dificil de lado (hauhauahauahua) foi muito bom mesmo! bha, tocante! você brinca com as palavras e ainda faz elas terem um sentido, rima ao mero acaso e ainda assim tem beleza! grande! muito bom!

Sentimentalidades-Todas disse...

Então Fernando, mesmo querendo todos esses elogios para mim, devo segredar que as rimas não são minhas. è um oema do Itamar Assunção e ALice Ruiz que a Zelian Duncam musicou. Vale a pena escutar a canção...
De resto, a emoção é minha, as dores são minhas. Os milágres? claro que serão meus... e de todos que reescrevem suas vidas. Como vc disse, amanhã o sol nascerá novamente.

Abraços!!!!