sábado, 23 de agosto de 2008

Minha primeira vez enquanto mensageira de óbito. Ainda estou em suspensão. O grito lanscilante da interna ecoou por horas em meu interior. A bem da verdade, ele empregnou a minha manhã de incertezas, ou melhor, de certezas sobre a finitude. Na tentativa de suportar a dor, simulei a imagem que nenhuma mãe deseja ver. Mais mórbido que isso possa parecer, brinco com minha dor, a subestimo, para que um dia ela não me destrua. Sempre foi assim. Mas não sei se isso funciona.

Quem teve culpa?
O outro, quando estou insano pela dor. Sem meu chão, sem amparo. Eu, quando não me alivia odiar o outro.

E mesmo depois de muito jóio e pouquissimo trigo, muita insensibilidade e quase nenhuma empatia, concordo com a "pérola" revelada naquele momento como "predestinação". Sim, é uma desesperada necessidade de conforto (quem não precisaria disso numa hora dessas???), embora também acreditar nela seja voltar a culpar/atribuir ao outro, ou ao Outro, eventos que muitas vezes estiveram sob nosso controle.

É verade que há acontecimentos que mudam todo o processo onde estamos inseridos. Mudam vidas por completo. Como meu trabalho e toda essa insdisposição entre "concursados" e "temporários". Como a perda de um filho e o grande vazio deixado pelo não mais existir.

E depois do inesperado, parece que só pode haver uma menssagem, supondo-se que há uma. Assimilar a mudança é imperioso. Mesmo que doa, mesmo que te leve rumo ao desconhecido. E o que me consola é que no desconhecido pode haver felicidade.








"Para uma alma que não conhecerei"















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