domingo, 9 de dezembro de 2007

O que você vai ser, quando você crescer?

Minha última postagem aqui, foi na véspera do meu aniversário de 31 anos. De lá pra cá, a vida anda corrida como nunca, e o grande post que eu iria me dar de presente acabou não saído do nível do desejo. Como eu não deixo meus conteúdos inconsciente terem paz, acabei tomando essa minha "falta de tempo" para escrever como uma resistência em falar sobre a idade nova.
Por aqui, entre os amigos reais e familiares, essa minha caricata não aceitação da idade madura - e o seu despencar das coisas - já até virou piada, arranca até risadas. Se psicologia não me render metais, quem sabe me aventurar pelo mundo circense?
Mas não sou de revelar todas as regras do meu jogo e neste caso, não assumo a todos - ou a qualquer um - que de fato, estou pouco satisfeita comigo sim, aqui dos meus 30 e poucos anos. E não apenas no que se refere à perda de colágeno. Sinto que não otimizei o tempo, as oprtunidades, o meu conhecimento.
Talvéz, essa insatisfação esteja relacionada com meu nível de exigência, até na hora de fantasiar. Lembro de como era na minha infância. Flashback, por favor.
Invariavelmente, minhas brincadeiras de guriazinha eram ambietadas num lindo e aconchegante apartamento com almofadas no chão de uma sala com piso em dois níveis. Minha porção Canabrava já dava o ar de sua graça, pois nessa sala, também havia um bar com lindas taças coloridas. Recordo que, dentre os brinquedos que eu pedia para meu pai, estavam os ditos copinhos que imitavam taças de sandae, para que eu podesse colocá-las no "bar" da minha casinha. Acho que bar dava um certo requinte a minha propriedade pueril.


Bom, ainda não tenho esse apartamento com decoração demodé. Não tenho a estabiliade e independência financeira que eu tanto fantasiei nas tardes de brincadeiras solitárias. É verdade, não tenho muitas coisas com as quais sonhei, e que eram prerrogativas só dos bem adultos - e na minha comprenssão infantil esse estado adultíssimo se dava a partir dos 20 anos.


Hoje, com a idade em que pensava já estar a meio caminho do meu primeiro milhão, continuo pegando ônibus lotado - o que me faz desistir de meus saltos altos. Contínuo contando moedas para fazer as estripulhias de fim-de-semana. Tenho que me programar para, às duras penas, pagar os gastos fixos no fim do mês. Continuo lisa e longe, muito longe do pote de ouro no fim do arco-íris.


Embora eu tenha que me haver com essa grande descompensação entre o sonhado e o realizado, preciso reconhecer que vivi momentos ímpares, e digo isso com muita surpresa, pois tenho a nítida sensação que a mulher adulta sempre habitou o corpo e os olhos daquela menina que construia com seus travesseiros a sala da casa dos seu sonhos. Mesmo odiando as rugas que já se anunciam no meu rosto, os quilos que ficam cada vez mais resistentes em me deixar. Mesmo com tantos sonhos ainda por realizar e a clareza que alguns perderam seu poder de nortear minha existência, compreendo que estou mais proxima da calmaria que meu coração merece e da realização pessoal que eu mereço. Mais do que estive nos 30 anos, no mês passado ou ontem a noite.


Meu jantar de aniversário veio confirmar esse sentimento de respeito por tudo que já realizei até aqui, e que por tantas vezes pareceu pequeno aos meus olhos. Novos amigos, novos motivos para rir, felicidade ao redor, a família se divertindo em torno de nós, de mim e minha irmã, também aniversariante. No final da noite, antes de adormecer, mais uma razão para ficar contente. A pessoa mais querida pelo meu coração estava dormindo nos meus braços. Eu senti seu cheirinho gostoso de lavanda, a pele macia e no semblante um quase riso. O outrora sonhado apartamento com almofadas no chão, agora também terá um quarto colorido para meu herdeiro fantasiar, com um dia eu fiz, com seus anos por vir.


E o melhor do que já passou foi o que nunca fui capaz de prever. O que não pude ou não quis controlar.


Letrinha do dia: "Esteja sempre perto, sempre longe dos covardes. O errado e o certo, para ter raiva e piedade... te levo pela mão. E o viajar já é mais do que a viagem"

Um comentário:

Cin disse...

Nem sempre os sonhos de realizam no prazo que estipulamos, mas o importante é saber reconhecer e agradecer pelos realizados e por aqueles que vc nem previu, assim como vc fez.
Adorei o post.
Beijos e lindo dia!