domingo, 13 de janeiro de 2008

Cria

Crescendo foi ganhando espaço
Pulo do meu braço
Nasceu outro dia
Já quer ir pro chão
Já fala mãe, já fala pai
Já não suja na cama
Não que mais chupeta, já come feijão
E posso até ver meus traços
Nos primeiros passo, tropeça
Seguro, e não deixo cair


Se cai, levanta
Continua a porta da rua fechada
A criança não deixo sair da linha
Reflexo no espelho, levo a emoção
A lágrima ameça do olho cair
Semente fecundou
Já começa a existir
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão
Me guia.



No meio da grande confusão de sentimentos que andeia buscando pra mim nos últimos dias. No exato momento da explosão. Quando a ameaça do romper-se da represa se faz um mar de lágrimas. Eu me perguntei num "tom de calma que só o desespero nos dá": Como vou proceseguir cuidando, se me parece que ainda preciso de cuidado?



De repente fitei os olhos nos quais sempre vi meus traços. Eles me olhavam cuidadosamente. Não acreditava no tempo em que eles sustentaram nosso encontro. Eu que pedia o oposto de tudo que tento motivar nos "meus" jovens. Pedi o que a Cinderela e todas suas amigas insosas e dependnete sempre pedem. Desejei de todo coração que surgisse alguém que podesse me SALVAR, que fosse capaz de me fazer mudar, em definitivo, os sentimentos e comportamentos rotos que possuo. De repente um insight, acho que ela já está a minha frente há algum tempo.


Ao descançarmos, seu cheiro me emocionou. Chorei. Muito. E ele percebeu. Ele cresceu. No escuro, me consolou. Acarinhou meu rosto e me prometeu que a dor, que eu disse ser no pé, iria passar. "Vai passar, eu te prometo, mamaia".


Toda solidão e insatisfação, todo medo urbano e o descredito no ser humano, que me assolou essa semana, parece ter me deixado, por alguns instantes, em paz. O abraço apaziguador, parecido com o de quem um dia me cuidou, me salvou do bicho-papão que sempre me espreita de baixo da cama.

Te Amo Victor. Loucamente, do meu jeito, com minhas limitações, incertezas, mesquinharias, neuroses, infantilidades, ausência, pressa, impaciência, preguiça, medos e vontade de fugir. Te amo como sou.


Semana louca. Ser em descompensação total, escamoteada, claro. TPM arrasadoura. Daqui há alguns dias, tudo volta ao seu lugar.
Voltaremos a sorrir. A seguir.

3 comentários:

Lamar de Alcântara disse...

Que mãe curuja!
Mas dizem que é assim mesmo. Ter filho deixa uma elétrica com cara de boboca... mas que não deixa de ser elétrica... Deve realmente ser uma delícia ter um espelho fora do espelho. Alguém pra ver crescer... uma plantinha que anda, fala, fica doente, arruma namorada...
Com certeza a melhor coisa do mundo!

Paulo disse...

Isso é o que, no final, faz nossa vida valer a pena! Lindo texto!
Beijos

Sentimentalidades-Todas disse...

Queridos Lamar e Paulo:

Vocês sempre semeiam palavras que me fazem refletir sobre tantos outros desdobramentos das minhas ídéias.

Abraços!!!!