quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Financiamentos

Eu que sempre achei ter certa facilidade em me expressar através da escrita. Eu que nem me amedrontava com as provas de Redação nos meus vestibulares, hoje fui lembrada do quanto é dificil se fazer entender quando não se sabe ao certo o que agrada, deseja e espera o seu interloucutor.

Há alguns dias, há muitas horas, estou tentando escrever, junto com o colegas da ONG onde trabalho, um projeto para captar investimentos. Descobrir o quanto é fácil pedir mais de meio milhão de reais. Dificíl mesmo é supor o que nosso provável financiador espera de nós. Convencê- lo de que nossas convicções - e também devaneios - são dignos desse troco.

Isso me fez pensar nos tantos financiadores de sonhos e vontades que eu preciso convencer a cada dia. Para ser logo atendida na fila do almoço, para ficar com o assento no ônibus, para poder levar o computador para meu quarto. Eterno exercício de convnecimento. Se por um lado eu preciso justificar o "financiamento" que meu empregador me repassa e que quase me faz sair da linha da subexistência - tá bom, nem tão subexistência assim.... - por outro preciso me convencer todas as manhãs de que não há algo fora do meu quarto que vai me devorar, me roubar, me assaltar e todas essas desgraças que diariamente nos invadem os olhos e ouvidos, além das tantas mais que se passam no monohabitado mundo de nossas mentes.


De verdade, o que gostarai de gritar para o meu Financiador é: Só um pouco mais de momentos felizes. Um pouco mais de beleza para ser vista. Um pouco mais de sentido para as grandiosas e pequenas coisas da minha vida. Só um pouco mais de reciprocidade. Nesse momento, mais uma vez, a volta pra casa me fez desejar que essa fosse uma viagem sem pressa para terminar. Tendo a Santa Chuva a me falar diretamente a alma, e há um certo vazia que tenho nela, vi a outra chuva cair pela janela e paralisar a BR.


Nos dias de grande produtividade, e cansaço ineviável, penso que seria reconfortante ser recebida no fim de tudo por um forte e aconhegante abraço, daqueles que te salva dos demônios internos e dos colegas de trabalho com temperamento difícil. Que te guarda e mima, que faz os olhos fechar de contentamento. Isso financiaria uma breve paz ao meu coração e à mente questionadora de mim. E nesa noite, nem meu menino me enlaçou as pernas.


Dureza mesmo, depois desse dia exaustivo, é supor que essa nostalgia e discreto desolamento é saudade do que já aconteceu. Isso seria admitir que o Passado ainda possa me completar, me projetar a algo superior e singular. Infelizmente não. Já me enganei, inadivertidamente, antes, sei bem onde tudo termina. Não há mais uma ação continuada que este parceiro possa viabilizar em meu coração.


Como sempre nos lembra minha chefa - ela que odeia ser chamada assim - é imprescindivel você saber a linguagem do finaciador pretendido. Sem isso a parceria não acontece. Então, antes e acima de tudo, preciso é exclarecer que falta é esssa que me inquieta, porque tanta incosntância me toma. Sei que só buscando minha sustentabilidade estarei apta para investimento de terceiros. E quem pode imaginar o quanto esta estrada é dolorosamente edificante?


Nessas horas de fragilidade da represa que sou, do cansaço do corpo que só faz das idéias o que mais se agita em mim, o que mais queria é que o mundo, se não me promovesse o almejado repassa da mansidão, que ao menos não me tirasse a paz.
E a minha contrapartida é só o meu querer estar melhor.


2 comentários:

Anônimo disse...

chega uma hora que até os sábios qtem que dar o braço a torcer e admitirem que não sabem tudo. vc falou em financiamentos em diversos aspectos. isso me lembrou como passei anos da minha vida deixando que financiassem minha independência, meus sonhos, minha vida, até meu pensamento. e depois que percebi que o tempo passara e eu nada me tornara, quis tomar as rédeas dos meus caminhos e quase não consigo mais. nessa hora fui bem egoísta para discrenir quem poderia ficar no meu caminho. te desejo boa sorte com o lance do financiamento, deveríamos tomar aulas com alguns líderes políticos e até mesmo religiosos que confundem ética com éter e são sofistas até a unha do dedão do pé. rsrs um beijo!

Sentimentalidades-Todas disse...

pois é sr. J....
e o finaciamento não deu em nada. Estou cansada e muito, muito frustrada, como nem imaginei que ficaria. Coisas de quem trabalha no Terceiro Setor.....

Quanto ao financiamento dos meus sonhos, este ainda andam, na maior parte do tempo, em mãos alheias. Vou crescer....E tornar -quase - tudo função das minhas pegadas... antes que seja tarde demais....

Abraços!!!!