quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Meus livros

Os livros que compro, de fato, não pertencem mais aos seus autores. Agora repousa sobre eles apenas um feixe dos que pensaram aquelas linhas antes delas existirem para meus olhos.
Agora os livros são de minha alma. Das sensações e idéias que eles conseguem parir em mim. Porque meus livros guardam meus grifos. Hiper-grifos. Apêndices e traduções do que sou. Por páginas, bordas e contra-capas.
Por isso não empresto a qualquer par de olhos meus livros, alias, pouquíssimos são os merecedores de devassá-los. E não o faço por apego à matéria, mas, por economia com meus segredos e percepção do mundo que me cerca, que pode me atingir.
Ler o manual é devassar a máquina.
Incrivelmente, hoje não me importo com essa possibilidade de ser entendida em pormenores. Desde que ela venha de você.
Falando sem dizer:
Devasse-me!

8 comentários:

Franck disse...

Meus livros tbém tem muito de muito, Mônica, como vc, passo o lápis em frases, palavra, folhas, e, tbém tenho ciúmes deles... assim como dos cds! Brilham aqui na minha estante e mesas e cadeiras meus caios, clarices, marthas, leminskis, anais nin, bandeiras...e...deixa prá lá!
Obg pelos comentários...estava com saudades, por onde andavas? Bj*

Márcio Ahimsa disse...

Ah, meu bem, devasso-te sim, nesses pormenores de agora, nessas possibilidades infindas de de frases e palavras em rascunhos, desses grifos e sublinhados nessas entranhas desse estranho mundo nosso de realidades...

Beijo, querida.

Gugu Keller disse...

Como canta Caetano, "livros são objetos transcendentes mas podemos amá-los do amor táctil que votamos aos maços de cigarros"!
GK

alguém disse...

Amiga Mônica,
Meus livros não são meus. A partir do ponto que os encerro, quero-os para os outros. Não tenho o hábito de escrever neles. Acho que meu pai me passou uma idéia de que o livro, mais que uma posse, é um objeto democrático, que expõe idéias e concepções de mundo que amo compartilhar. os livros ruins, ficam em casa, os bons, os deixo viajar pelas mãos, olhos e mentes daqueles que os querem devassar. Faço isso por que penso que os livros não têm o direito de ficar calados, deitados a uma estante. Não, isso nenhum instante. Livros precisam falar às almas, gritar aos ouvidos e aos corações de seus leitores. Livros são transformadores e se não forem usados assim, serão desperdiçados.
Porém, em seu caso, a relação com eles é baseada nos segredos que guardam. Seus livros são amigos íntimos que dividem sua intimidade e compartilham suas particularidades e idiossincrasias. Não tenho esta intimidade com os que passam por mim (vê? nem sei se digo-os "meus" para que o sentimento de posse não me tome)... Meus segredos não os consigo guardar em papel...

Rico Salles disse...

Sabe, blogs de pessoas como vc sempre me ensinam algo, um ponto de vista sobre um assunto que antes eu não havia pensado em abordar. Bela escrita, gostei. Bj!

ALFA Brazilian Miniatures disse...

Oi M.,
...um assunto 'simples'. Apenas na fachada. Tantas revistas (principalmente as femininas...aliás) já trouxeram em suas páginas a dificuldade que reside uma separação conjugal no momento em que os discos (antes LP´s, no ínicio dos divórcios, hoje CD´s) e livros seriam 'divididos'. (hoje DVD´s engrossaram a lista...mas...hoje pode-se fazer a cópia!).
Apego. E porquê não? Apego material?...que seja. Mas também e com muito mais energia o apego de um momento, de um instante do suspiro de uma vitória, uma conquista íntima, pessoal...que ali está significado no objeto, aqui Livro. Do momento da escolha, da leitura, das reflexões...da troca com outros...e com o 'outro', talvez em momento tão especial...
Livro não carregam apenas palavras e pensamentos do autor. Carregam muito mais que isso. Eu adoro comprar livro em sebos...e mais ainda quando esses vem com anotações, ainda que sejam: 'simples grifos', para não dizer quando sou 'brindado' com dedicatoria ao primeiro dono(a) ou anotações das mais diversas em suas paginas. Pessoalmente...guardar me é um verbo fácil de ser conjugado. Há um ano atrás, dolorosamente precisei selecionar dentro de uma seleta lista de livros de minha biblioteca a fim de 'troca-los' por livros de psicologia e afins.
Foi difícil...mas necessário. Quão duro me foi, estar alí no balcão da livraria...e ver meus 'amigos'...sim MEEEEEEUS...livros...e assim os tenho e os terei...como orfãos hoje, nas mãos de seus 'adotadores'. Cada volume levou uma lasca da minha alma...e...não era uma exclusividade minha, afinal, igual título é possível ser encontrado por aí. Não preservei nada a sete chaves...a não ser, a mim mesmo.
Dividí-los? tal como você...com as pessoas especiais, que sabem do valor do que está DESCANSANDO na estante. Nâo há esmo...
Como sabes, atenho-me aos pormenores...ao não observável pela maioria, porque ali sim está a mais pura essencia e verdade das coisas. Maravilhoso é entender-te...
Adorne minha´lma...com post-it...faça grifos nos instantes...e ba borda da vida anote sobre a história que está sendo escrita.
(...)
Com certeza.
(...)
bjs
Julio

alguém disse...

Monica! Deixie um presente prá você no Blog. Dá uma olhada lá!

Mazane disse...

Não costume me despir enquanto leio não, no máximo um grifo!!! Gosto de anotar na agenda. Amei a imagem!!!!