segunda-feira, 17 de março de 2008

O Jogo que não quero jogar

A mulher de 31 anos que me habita quase sempre me abandona quando os jogos dos adultos são iniciados.


Estratagemas, esperas e dizeres cautelosamente dispostos não são e nunca forom a minha especialidade. Para mim, o jogo só se configura como tal quando não o estou jogando. Aos mais desavisados ou aos supostos caçadores, minha desatenção pode aparentar pura valorização do passe. Ledo engano.


Quando não ligo é pura vontade de não falar. Quando não saio é mesmo desenteresse gritando. Quando não transo é você não foi capaz de apertar o botão. Mas quando tudo isso é mais um pouco acontece, é porque já me perdi...


E nos tempos menos criteriosos, cheguei a dar várias chances para o que já começava mal. Pensava que era medo de fechar de imediato as portas para algo preciso, ou no mínimo, excitante por conta de 1 ou 10 incompatibilidades ( e que esforço quando isso envolve gozo). Agora, passada algumas tempestades e em frnaca reconstrução, vejo que aquele medo era por algo muito mais constituinte do eu do que do nós. Medo de não ser o desejo do outro, por exemplo, diluiu-me em mundos alheios que quase nunca me interessavam verdadeiramente.
Hoje, sabendo-se um pouco mais o que se quer, e sobretudo, o que não se quer mais, consigo entender melhor os que atravessaram minha existência. E também consigo perdoar aquela
que fui ainda ontem. Se não me engano, está ai o verdadeiro aprendizado: síntese, generalização e reprodução.
E ainda, eu te perdou Passado por ter demorado, mesmo que em demasia, para me apresentar seu mundo (amigos, casa, cama...). Nao, não farei como você, afinal foram justamente diferenças abissais que nos separaram, mas eu juro, agora sei exatamente de tudo que você nunca pronunciou, mas comunicou. O medo agora é de perder-me no outro, no estranho. Perder meu templo, meu reino, minha casa. Igualmente medo, que pode paralizar...
Então o que se quer e o que se tem é quase sempre diferente do que se diz. Eu já sei. Há o tempo de mostrar e esconder. Há o tempo de catavento e de girassol.
E a mulher de 31 anos volta para casa quando sabe porque é desnecessário jogar. O que se quer não pode ser dissimulado nem tão pouco dado em doses homeopáticas por quem não sabe se doar (como eu). O que se quer é perene. O que se deseja não está numa mesa de apostas da sedução.
Só quero a mansidão de um riacho. Não me cabem mais cachoeiras e corredeiras, mesmo que sejam belas...

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